O responsável pelo levantamento de dados na região é o professor Pedro Henrique Carnevalli Fernandes. Ele avalia que, nos 100 dias de pandemia, o comportamento da Covid-19, no Norte Pioneiro, pode ser traduzido em dois momentos. No primeiro, foi apresentado um “comportamento de controle”, que durou 65 dias (entre 11 de março e 14 de maio), e resultou em 36 casos e cinco óbitos pela Covid-19. Já no segundo, manifesta-se um “comportamento de descontrole”, sendo que, em 35 dias de pandemia (15 de maio a 18 de junho), foram 710 casos e 33 óbitos na região.
“Essa mudança de comportamento tem relação, principalmente, com a flexibilização do isolamento social. Os gráficos mostram a escalada da doença no Norte Pioneiro. No primeiro mês de pandemia, a região teve oito casos; no segundo, vinte casos (28 no total); e no terceiro mês, foram 495 casos (523 ao longo de três meses). Ao final do dia 100 de pandemia, o Norte Pioneiro somava 746 casos e 38 óbitos por Covid-19”, afirma o professor.
A última semana, entre 11 e 18 de junho, foi a mais cruel da série histórica regional - 223 novos casos e 21 óbitos. O professor explica que, entre os óbitos, a dinâmica de crescimento se repete. Entre 11 de março e 21 de maio, portanto, 72 dias de pandemia, foram registrados seis mortes. Nos demais 28 dias de pandemia, ocorreram 32 óbitos.
Ao completar 100 dias de pandemia, 39 cidades da região apresentaram casos de Covid-19 e apenas sete não registraram oficialmente. “O epicentro da região continua em Cornélio Procópio, mas agora transbordado para o seu entorno. Além dessa área, é possível perceber uma assustadora escalada da doença na região de Siqueira Campos, atingindo, principalmente, Conselheiro Mairinck, Guapirama e Jundiaí do Sul”, alerta o professor.
O avanço da Covid-19 em Cornélio Procópio
Os dados mostram que o epicentro da doença na região é o entorno de Cornélio Procópio. O município possui 30% dos casos e dos óbitos existentes em todo o Norte Pioneiro. Dentro da regional de saúde, representa quase metade dos casos registrados. “Esse cenário assustador ganha forma quando analisamos a taxa de contaminação em comparação aos demais 399 municípios paranaenses: Cornélio Procópio aparece com a 15ª maior taxa no Estado. Algo deu errado, uma vez que a doença não escolhe cidade. A disseminação da Covid-19 é resultado, em parte, do comportamento social da população e das políticas públicas promovidas pelo Governo”, analisa Fernandes.
O professor lembra que o primeiro caso confirmado na cidade foi em 2 de abril, ou seja, com 23 dias de pandemia. O segundo aconteceu mais de quarenta dias depois. Daquela data em diante, teve início a escalada da doença. No começo desse mês, a cidade já passava de 150 casos, e em 18 de junho, dia 100 da pandemia, Cornélio Procópio atingiu 217 casos de Covid-19.
“A curva de avanço da doença em Cornélio Procópio evidencia uma escalada vertiginosa. Infelizmente, a cidade ainda não atingiu o pico da doença. E esse contexto local começou a influenciar na região do entorno. Analisando o mapa é possível constatar a evolução significativa no último mês. No período entre os dias 65 e 100, os casos na região cresceram 2.245%, chegando a 469, e os óbitos aumentaram 800%, atingindo 27 pessoas. Já a taxa de contaminação da região, atualmente, é de 207,6 casos por 100 mil habitantes, sendo maior que a taxa de Curitiba, capital do Estado, que é de menos de 100. Portanto, é preciso comprometimento social da população e, principalmente, políticas públicas de combate à Covid-19, para quem sabe nos próximos 100 dias vivenciarmos um cenário menos catastrófico e doloroso”, aponta o professor.
Jornal Geografia/UENP
Docentes do Colegiado de Geografia da UENP lançaram em abril o Jornal Geografia/UENP, um canal para informar cientificamente sobre a pandemia. A edição número 10, lançada na última semana, traz conteúdo especial sobre os 100 dias de pandemia e faz um levantamento da Covid-19 no Norte Pioneiro do Paraná.
O jornal possui um corpo editorial próprio formado por alguns docentes do curso. A concepção se deu no contexto do projeto “As múltiplas Geografias frente a pandemia Covid-19”. O objetivo é estabelecer novas formas de ensino de conteúdos relacionados a Geografia, uma vez que o cenário da pandemia impactou diretamente a rotina acadêmica dos cursos da instituição.
No momento, o jornal conta com edições semanais, cada uma delas composta por três seções: duas escritas por professores vinculados ao corpo editorial ou convidados, e uma por um acadêmico do curso de graduação em Licenciatura em Geografia da UENP.
Fazem parte da equipe editorial os professores Alessandro Viceli, Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira; Paulo Henrique Marques de Castro, Pedro Henrique Carnevalli Fernandes, Sibeli Fernandes e Vanessa Maria Ludka.
As edições podem ser acessadas em: https://sites.google.com/view/jornalgeografia/edi%C3%A7%C3%B5es?authuser=0