Do corpo efetivo de docentes da UENP, segundo a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, são 208 mulheres produzindo conhecimento científico altamente relevante. “Associado a este número, contamos com mais 14 pesquisadoras permanentes em programas de stricto sensu, totalizando 222 mulheres que participam do crescimento científico e tecnológico de alto valor socioeconômico”, apontou a diretora de Pesquisa, Bárbara Nivalda Palharini Alvim Souza.
O AD Scientific Index é um ranking que classifica pesquisadores com base no desempenho científico e no valor agregado da produção científica de cientistas de todo o mundo. Entre os pesquisadores da UENP que estão classificados como os mais influentes, a primeira posição é ocupada por uma mulher. A pró-reitora de Recursos Humanos e professora do curso de Enfermagem do Campus Luiz Meneghel, Maria José Quina Galdino, é a pesquisadora mais influente da Instituição, segundo o ranking, além de ser a professora efetiva de maior produtividade na Universidade.
“As mulheres pesquisadoras contribuem com perspectivas únicas para avanços significativos e inovadores em diversas áreas do conhecimento. Para mim, estar em primeiro lugar na lista de produtividade da UENP e ser considerada, no ranking da Index, como pesquisadora mais influente, é uma honra, considerando que me graduei aqui. Significa que estamos produzindo conhecimento relevante que tem contribuído para o avança do conhecimento”, destacou Maria.
Atualmente, dos 201 projetos de pesquisa em execução na Universidade, 100 são coordenados por pesquisadoras. Entre as principais áreas de pesquisa, destaca-se 27% nas Ciências Humanas, 24% nas Ciências Biológicas e 23% nas Ciências Agrárias. “Em termos de produção acadêmico e científica, as mulheres na UENP, no último quadriênio são detentoras de 1 patente, 90 livros publicados, 459 capítulos de livros e 594 artigos científicos publicados em periódicos de extratos de A1 a B4, segundo critérios da CAPES, o que retrata a significativa qualidade da produção intelectual na Instituição”, relatou Bárbara.
A Diretoria de Pesquisa é responsável pela programação, execução e supervisão das atividades de pesquisa da Universidade. “Para dar suporte às nossas ações, contamos, ao menos, com doze importantes representações, das quais nove são coordenadas por mulheres que impactam diretamente no desenvolvimento científico e tecnológico da Universidade”, apontou a diretora.
O caminho percorrido pelas mulheres na ciência tem sido longo. A professora do curso de Pedagogia do Campus de Jacarezinho e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Vanessa Campos Mariano Ruckstadter, partilhou sobre o assunto. “Ao olharmos para a história da educação, as mulheres foram consideradas inferiores, ‘imbecilitus sexus’ (sexo imbecil) e, por isso, impedidas do acesso ao conhecimento sistematizado por muito tempo. Foi um longo caminho de luta pela conquista de espaço, tanto para as meninas que quiseram estudar quanto para aquelas que quiseram ensinar. Muitas foram as conquistas ao longo do século XX, e, na década de 1990, por exemplo, as meninas ultrapassaram os meninos em nível de escolarização, segundo dados do INEP”, destacou.
Além disso, são muitos os desafios enfrentados pelas mulheres que optam por fazer ciência. “Apesar da área de Educação, minha área de pesquisa, ser majoritariamente feminina, ainda há dificuldades enfrentadas, sobretudo para as mulheres que são mães, por exemplo, em entrevistas para ingresso na pós-graduação, ou seja, espaço de formação de futuros pesquisadores. Não é incomum mulheres serem questionadas sobre filhos em momentos avaliativos. Também há os desafios de conciliar produtividade e maternidade ao concorrer a editais de pesquisa”, relatou.
“Embora as mulheres cientistas tenham alcançado avanços e descobertas notáveis, ainda enfrentam muitos desafios. Entre eles, a baixa ocupação das posições de liderança e prestígio, o que implica baixa participação feminina nos cargos decisórios das políticas científicas. Ser mulher pesquisadora significa produzir, estudar, ensinar, desafiar estereótipos, inspirar futuras gerações e promover a igualdade de gênero no cenário acadêmico, mostrando que a excelência na pesquisa não conhece fronteiras de gênero”, disse Maria José.
Apesar dos desafios, nos últimos anos houve muitas conquistas coletivas. No cenário nacional, a inclusão da maternidade no lattes e editais com contagem maior para pesquisadoras que foram mães, além de coletivos nacionais como o Parent in Science, que produz dados sobre a desigualdade de gênero na pesquisa. “Na UENP, nesse mesmo sentido, temos editais que passaram a considerar um ano a mais na contagem da produção das docentes e alunas da pós-graduação que foram mães. Ainda são muitos desafios, mas, coletivamente, as mulheres têm lutado e conquistado seu lugar na pesquisa. Que venham as novas gerações de meninas curiosas e pesquisadoras”, ressalta Vanessa.
“Frente aos desafios impostos pela contemporaneidade, as mulheres colaboram com o cenário científico e tecnológico e, frente às coordenações, estão sempre em busca de melhores condições para realização das pesquisas na Instituição, seja na captação de recursos para aquisição de equipamentos e infraestrutura para aprimorar as condições de trabalho, seja na ampliação do número de bolsas de iniciação científica e tecnológica, bem como na organicidade e gestão dos resultados para que os impactos sejam efetivos no desenvolvimento institucional de elevação da qualidade de vida nos contextos nacional e internacional”, concluiu Bárbara.