“A realidade brasileira de pandemia é assustadora. No Norte Pioneiro do Paraná a realidade não é diferente. Os dados publicados mostram que a última semana foi a pior desde 16 de julho. Além disso, justamente no dia 200 de pandemia, completos no sábado, 26 de setembro, o Norte Pioneiro superou a marca dos 6.000 casos de Covid-19, patamar elevado para uma região composta predominantemente por cidades pequenas e baixa centralidade da rede urbana paranaense”, acentua o professor Pedro Henrique Carnevalli Fernandes.
Ainda segundo explicação do professor, é possível constatar pelas análises realizadas em relação ao avanço da doença, que a região sequer atingiu o platô, o pico da pandemia e de uma consequente estabilização de número de novo casos. “Pelo contrário, os números seguem crescendo rapidamente, quase 2.000 casos em um mês”, alerta. “Isso significa que os deslocamentos não essenciais estão sendo realizados, influenciando na manutenção de patamares elevados de contaminação e de óbitos. Soma a isso um Estado que tem falhado nas políticas de contenção, inclusive sendo permissivo com alguns segmentos da elite e negligente com os menos favorecidos. Os dados científicos sustentam essas reflexões”, critica.
A menor taxa de contaminação na região está em Ribeirão Claro, com 187 casos por cem mil habitantes. Outros cinco municípios têm taxas menores que 500 casos por cem mil habitantes: Santa Amélia, Pinhalão, Congonhinhas, São Jerônimo da Serra e Figueira. Em contrapartida, Jataizinho apresenta a maior taxa, agora com 3.975 casos por cem mil habitantes e 7 mortes. Bandeirantes, na segunda posição, tem taxa de 2.591, bem superior ao terceiro colocado, Conselheiro Mairinck, com 1.678 casos de Covid-19 por cem mil habitantes. No total, 23 municípios do Norte Pioneiro do Paraná (50% da região) têm taxas acima de 1000 casos de Covid-19 por cem mil habitantes
Quanto aos óbitos por Covid-19, as maiores taxas estão em Santa Cecília do Pavão (110 por cem mil habitantes) e Santa Mariana (105 por cem mil habitantes). Os municípios que não registraram oficialmente óbitos pela doença são: Abatiá, Barra do Jacaré, Jaboti, Japira, Jundiaí do Sul, Nova América da Colina, Nova Fátima, Nova Santa Bárbara, Pinhalão, Santo Antônio do Paraíso e Tomazina. Considerando o número absoluto de mortes por Covid-19, Bandeirantes (23) e Cornélio Procópio (20) apresentam os maiores valores.
Os dados, explica o professor, evidenciam que alguns municípios conseguiram controlar a disseminação da doença até o dia 100 de pandemia, mas depois passaram a enfrentar um descontrole, chegando ao dia 200 com altas taxas de contaminação. “Bandeirantes, que ocupava a 34ª posição no centésimo dia de pandemia, agora, no dia 200, aparece na 2ª posição”, disse. A cidade apresentou, ao lado de Nova Santa Bárbara, a maior variação (32 posições). Nova Santa Bárbara saltou da 40ª posição no centésimo dia de pandemia (a cidade não possuía casos naquele dia) para a 8ª posição no dia 200. Nova América da Colina, Curiúva e Assaí subiram mais de 20 posições na comparação entre os dois rankings. No outro extremo, cinco cidades caíram mais de 20 posições, demonstrando uma significativa melhora nas taxas de contágio: Leópolis, Carlópolis, Nova Fátima, Tomazina e Sapopema.
200 dias da Pandemia no Brasil
O professor informa que em 200 dias de pandemia, o Brasil registrou 4.718.115 casos e 141.441 mortes por Covid-19, segundo o Consórcio dos Veículos de Imprensa. Isso representa uma alta taxa de óbito: 3% dos contaminados. "O Brasil possui 14% de todos os contaminados e mortos por Covid-19 no mundo – essa proporção é imensa, sobretudo considerando que o País tem, aproximadamente, 2,5% da população mundial. Isso desnuda a incapacidade do Estado brasileiro em conter a disseminação do novo coronavírus e, principalmente, evitar as mortes”, disse o professor.