Bernardo foi uma das primeiras crianças atendidas pelo projeto da UENP, em 2015. Suellen conta que ele não tinha controle de cervical, do tronco e hoje faz vários exercícios em cima do cavalo, fica em pé e ganhou muita força. “No relatório, os médicos colocam a importância da equoterapia, de como o ajuste tônico, o equilíbrio e a estimulação através do tratamento foram tão importantes”, disse a fisioterapeuta do projeto, Suellen Tanaka.
Na equoterapia, uma equipe multidisciplinar composta por fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos e veterinários atendem as crianças com necessidades especiais. A equoterapia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como método terapêutico. O bolsista recém-formado em Fisioterapia, Rodolfo Torim, atua há oito meses no Núcleo e ressalta alguns dos inúmeros benefícios da terapia. “Coordenação motora, equilíbrio, fortalecimento, alongamento, mobilização. É cientificamente comprovado que o vínculo da criança com o cavalo traz muitos benefícios”.
Suellen conta sobre uma percepção que o uso do cavalo pode oferecer a pacientes em particular. “Praticantes cadeirantes que tem uma visão do mundo para baixo, quando montam no cavalo eles conseguem ver um mundo diferente, conseguem ter uma outra visão, de cima, do horizonte”, relata.
Para que a prática da equoterapia possa acontecer, é necessário que os cavalos sejam treinados e preparados, destaca uma das coordenadoras do projeto e professora da UENP, Thais Helena Constantino Patelli. Outro ponto essencial para a prática da Equoterapia são as instalações. O Campus Luiz Meneghel, de Bandeirantes, oferece acolhimento e é ideal para abrigar o Núcleo.
Mikaelly Fogaça Oliveira, mãe do praticante Nicolas Fogaça, de 6 anos, comenta sobre o local que frequenta toda quarta-feira de manhã. “É fantástico isso aqui para as crianças. O cenário com a natureza faz toda a diferença e só de ter um animal envolvido é muito legal, porque depois do primeiro contato, a criança perde o medo, eles se apaixonam e têm o carinho com o cavalo. Tudo aqui é muito completo”.
“O ambiente favorece para estimulação durantes as sessões. Aqui tudo ajuda, o cavalo, o ar livre, o parquinho que eles brincam, tudo isso traz uma forma lúdica para usarmos na terapia”, complementa a fisioterapeuta, Suellen.
Desde 2015, o Projeto de Extensão atende gratuitamente pacientes de Bandeirantes e de outros sete municípios da região, no Campus Luiz Meneghel. Hoje, 84 praticantes ativos são atendidos pelo projeto.
Protagonismo animal
O cavalo possui uma marcha tridimensional. Com movimentos para cima, para baixo, para direita, para esquerda, para frente e para trás, simultaneamente, o animal envia estímulos tônicos musculares a quem monta. “O cavalo é o principal agente cinesioterapêutico, ele é o mediador, é quem faz tudo acontecer. Costumamos dizer que o cavalo manda estímulos desde a pontinha do pé até o fio do cabelo do paciente”, destaca a fisioterapeuta, Suellen Tanaka.
Durante a sessão, o praticante é colocado sobre o cavalo e segue acompanhado pelos profissionais da saúde até o galpão onde acontecem as atividades voltadas para o desenvolvimento físico e cognitivo, de acordo com sua especificidade. “São utilizadas ferramentas didático-pedagógicas, lúdicas e uma série de equipamentos auxiliares, como bambolê, bola, argolas e 99% das atividades são em cima do cavalo”, explica Thales Ricardo Rigo Barreiros, médico veterinário, um dos coordenadores do projeto e professor da UENP.
“A equoterapia é uma ferramenta em que nosso instrumento é o cavalo, acompanhado pelos técnicos devidamente treinados”, destaca o coordenador do projeto, professor Francisco Armando de Azevedo Souza. A acadêmica do 2º ano de Medicina Veterinária da UENP, Laura Calegari Vitiello é estagiária no setor de equinos e faz o manejo dos cavalos da equoterapia. Ela conta que no treinamento quanto mais atividade física o cavalo pratica, mais calmo ele fica.
“O cavalo é um animal muito sensitivo. Em cima do bicho a criança tende a ficar mais calma em sintonia com ele. Por isso quando você vai mexer com esse tipo de animal, você tem que ser calmo, não pode demonstrar medo, porque eles sentem tudo o que está ao redor”, comenta Laura.
Os praticantes são encaminhados ao Núcleo de Equoterapia da UENP através da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), de Bandeirantes. “Nós atendemos desde que venha com encaminhamento e laudo médico. Mesmo assim o paciente passa pela avaliação da nossa equipe para confirmar se está apto a realizar equoterapia”, explica Francisco.
O projeto é financiado pela Superintendência da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior por meio do edital Universidade Sem Fronteiras. A UENP possui atualmente sete projetos aprovados pela USF.