A ação, integrada ao Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), foi em parceria com a Secretaria de Saúde de Jacarezinho e a 19ª Regional de Saúde do Paraná. “Essa doença é infecciosa, crônica e tem grande relevância para a saúde pública. É importante resgatarmos alguns conceitos, levando isso para os profissionais da saúde. Ela tem uma incidência muito grande no Brasil, sabemos que o resultado é muito subnotificado, o paciente tem a doença, mas demora para identificar, podendo ficar com sequelas”, explica a coordenadora do projeto, professora Michelle Fillis.
Com o tema “O cuidado integral em hanseníase”, os profissionais de saúde que participaram da capacitação acompanharam palestras sobre clínica, transmissão e diagnóstico da hanseníase; fluxo do paciente; anamnese e exame físico; e relato de experiência sobre neuropatia da doença. Houve também uma parte prática, onde foram convidados pacientes com hanseníase e os profissionais fizeram a avaliação dermatoneurológica.
O diretor do Campus Luiz Meneghel e professor do curso de Enfermagem, Ricardo Castanho Moreira, é o responsável por fazer a validação de grau dois de incapacidade de pessoas com hanseníase. Ele explica que a doença tem cura, todo o tratamento é gratuito, fornecido pelo Sistema Único de Saúde, mas, infelizmente, as pessoas ainda têm o diagnóstico tardio, onde apresentam sequelas ou incapacidades que as prejudicam no trabalho diário e até ocupacional.
“Essa capacitação é essencial, pois o diagnóstico é basicamente clínico, tem exames complementares, mas a parte clínica é fundamental. A educação permanente é importante para o olhar clínico que o profissional desperta no curso, que gera um efeito positivo imenso, além de que esses profissionais passam a ser agentes multiplicadores desse conhecimento”, frisa Ricardo.
Esta primeira formação busca fortalecer o processo de integração ensino-serviço-comunidade de forma articulada, a fim de promover a formação e o desenvolvimento de trabalhadores na área da saúde, por meio da formação continuada, considerando as especificidades e a superação das desigualdades regionais, a partir da problematização da realidade.
A chefe de divisão de ações externas da UENP, Sônia Merege, foi uma das idealizadoras da iniciativa. “A Regional de Saúde veio nos procurar, e, quando apresentei o projeto, os professores de imediato aceitaram, justamente pelo fato da UENP poder dar sua parcela de contribuição no conhecimento, que é um dos pilares da universidade. Nessa parceria com a área da saúde, a UENP cumpre seu papel e quem ganha com tudo isso é a população”, destaca.
Para o diretor do Centro de Ciências da Saúde do Campus de Jacarezinho, Fabrício José Jassi, a Universidade precisa contribuir com a geração de conhecimento para ajudar os profissionais que estão diariamente no trabalho com a saúde. “Essa parceria é importante para que possamos, cada vez mais, como Universidade, efetivamente contribuir com os reais problemas vividos no dia a dia com a saúde, e a hanseníase é um desses problemas. Os municípios precisam de pessoas capacitadas e nós temos professores e conhecimento suficiente que podem gerar essa capacitação”, aponta.
A enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Jacarezinho, Melina Spagnuolo, destaca a importância do curso para os profissionais da saúde. “A hanseníase ainda acomete muitas pessoas e deixa sequelas, que muitas vezes são irreversíveis. A doença tem cura e pode ser diagnosticada antes de deixar as sequelas. Os profissionais da saúde estarem nessa capacitação é muito importante, tendo acesso a mais informações, sendo mobilizados para essa questão e que possam, cada um em seu município, contribuir em diagnóstico, tratamento oportuno, para que os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida e a gente consiga, juntos, combater a hanseníase”, reflete.
Esta primeira formação faz parte de um conjunto de propostas que visa pactuar e estruturar um núcleo de educação permanente entre a UENP, SMS de Jacarezinho e 19ª Regional de Saúde do Paraná, integrado ao projeto PET-Saúde. “Estamos pensando em vários projetos, e o primeiro foi a questão da hanseníase, pelos indicadores da nossa região. Chamamos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas para participarem dessa capacitação, estão presentes profissionais de todos os 22 municípios que fazem parte da regional. Para nós, ter um polo de educação, uma incubadora de conhecimento, que é a UENP, e poder fazer essa parceria, é um ganho maravilhoso”, frisou a enfermeira da Seção de vigilância epidemiológica – 19ª Regional de Saúde, Patrícia Chaves de Oliveira.
Hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, de evolução lenta e causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Ela se manifesta, principalmente, por sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos. O tratamento é gratuito, disponível no SUS, podendo evoluir a cura quando tratada corretamente.
Os principais sintomas são: manchas na pele; alterações de sensibilidade ao calor, ao tato ou dolorosa; formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência; pápulas, tubérculos e nódulos, normalmente assintomáticos; pele com diminuição ou ausência de suor no local; dor, diminuição ou perda da sensibilidade; edema de mãos e pés; febre e artralgia (dor em uma das articulações).
Apresentando um ou mais sintomas, procure ajuda médica. O diagnóstico precoce é indispensável para garantir uma rápida cura e evitar a transmissão. Ele é feito através de exames clínicos, com teste de sensibilidade, e exame laboratoriais. Em caso de diagnostico confirmado, oriente as pessoas próximas a procurarem o médico e faça o tratamento conforme orientação médica. O tratamento é fundamental para a cura do paciente, para fechar a fonte de infecção e prevenir sequelas.
