UENP realiza I Encontro dos Povos e Comunidades Tradicionais do Norte do Paraná

Sexta, 10 Novembro 2023 16:19
O encontro contou com a participação de lideranças indígenas, quilombolas e seguidores de religiões de matriz africana da região Nordeste do Paraná O encontro contou com a participação de lideranças indígenas, quilombolas e seguidores de religiões de matriz africana da região Nordeste do Paraná

A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) realizou, no último sábado (4), o I Encontro dos Povos e Comunidades Tradicionais do Norte do Paraná no Parque Universitário de Ciência, Cultura e Inovação da UENP. O evento, que abriu a programação da IX Mostra de Arte e Cultura Afro-Brasileira, foi uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) e do projeto “Mapeamento Cultural e Serviço de Atendimento ao Trabalhador da Cultura”.

O encontro contou com a participação de lideranças indígenas, quilombolas e seguidores de religiões de matriz africana da região Nordeste do Paraná e promoveu reflexões quanto à educação indígena, étnico-racial, combate ao racismo e à intolerância religiosa. Além disso, o evento também abordou a importância de resgatar a história não contada dos povos originários e foi um espaço de incentivo para as iniciativas promovidas pela Universidade em parceria com as comunidades convidadas.

Para o diretor de Cultura da UENP, James Rios de Oliveira Santos, o evento possui valor simbólico, além de demonstrar a conexão realizada entre a Instituição e a comunidade externa. “Foi um momento, para além de festivo, de muita reflexão sobre as relações étnico-raciais nos territórios e sobre políticas públicas de cultura, como as Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc”, reitera. Segundo James, o evento também serviu como um espaço de demonstração do desejo da Universidade de colaborar na submissão de projetos culturais para as leis de fomento, o que reforça o comprometimento com o apoio e desenvolvimento das expressões artísticas da região.

Walace Raulino Sampaio, indígena da etnia Guarani Nhandewa e cacique da terra indígena Ywy Porã (Posto Velho), do município de Abatiá, foi um dos convidados do encontro. Segundo ele, o evento foi de suma importância para a quebra de paradigmas. “É fundamental que se compreenda a importância da valorização de comunidades indígenas e tradicionais, não apenas para a conservação de patrimônios culturais e, sim, para que não ocorra o apagamento de nossa gente e de nossos costumes”, expõe.

“Apresentar a academia para as comunidades tradicionais e as comunidades tradicionais se apresentarem para a academia é de grande importância”, comenta Robson Arantes, ogã e palestrante participante do evento. “É um grande passo para que as comunidades tradicionais possam, de fato, entrar de cabeça erguida dentro do espaço acadêmico”. Para além dos incentivos culturais, o encontro também foi uma forma de potencializar o entendimento quanto à valorização do outro, de corpos e comunidades invisibilizadas na sociedade. Através dos contatos criados e de falas empoderadas que emergiram durante o evento, várias vivências e pontos de vista puderam ser expostos.

Segundo Géssica Nunes, indígena Guarani Nhandewa, professora e escritora da obra “Universidade Território Indígena”, o evento serviu como um movimento de luta e cura. “Nesses momentos de união, pode-se construir mais estratégias de permanência nos espaços de poder, debatendo como a sociedade nos vê e produzindo ainda mais conhecimento, além daqueles que já possuímos. É um momento muito bonito de troca”, destaca.

O livro “Universidade Território Indígena” é um compilado de textos escritos por Géssica. Na obra, a escritora discorre, principalmente, sobre a experiência de ser uma mulher indígena ocupando o espaço da Universidade, além de reflexões a respeito da realidade dos corpos indígenas no decorrer da história até a atualidade.

Mostra de Arte e Cultura Afro-Brasileira

A Mostra de Arte e Cultura Afro-Brasileira tem o objetivo de valorizar e divulgar as produções artísticas de artistas negros (ou não) que apresentem, em suas poéticas e temáticas atinentes às relações étnico-raciais, sobretudo no que concerne à representação positiva da população negra. Além do Encontro de Povos e Comunidades Tradicionais do Norte do Paraná, esta edição da Mostra terá o Sarau da Negritude, que acontecerá simultaneamente com a Feira de Artesanato em 18 de novembro, na praça São Benedito em Jacarezinho. As atrações artísticas ainda serão definidas e terão classificação livre.

A Circulação artística nos Campi, que inclui apresentações artísticas individuais e coletivas de música, teatro e dança, acontecerá em Bandeirantes, Cornélio Procópio e Jacarezinho entre 15 e 30 de novembro. Já as oficinas deverão ocorrer em dias e horários definidos pela Comissão Organizadora nos campi de Cornélio Procópio e Luiz Meneghel, em Bandeirantes.

Última modificação: Sexta, 10 Novembro 2023 16:20
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