Na abertura do evento, o chefe de gabinete da Reitoria, Mateus Luiz Biancon, partilhou da alegria em participar de mais uma edição da Mostra. “Quero agradecer e parabenizar toda a organização por esse evento maravilhoso. Espero que todas as pessoas possam ter acesso a tudo isso que a Mostra traz para a gente, essa riqueza precisa ser socializada. É com a arte e com a cultura que conseguimos humanizar as pessoas e esse evento grandioso, que já está em sua décima edição, tem um papel fundamental para isso, para dar voz a população negra da nossa região”, destacou.
A abertura trouxe o Cine Norte Negro, primeira ação de cinema a constituir a grade de programação da Mostra Afro-brasileira, cujo objetivo é dar vazão aos filmes cinematográficos negros produzidos em nosso território. Foram exibidos três curtas-metragens. O filme “Alvorada das Ojás”, foi produzido pela UENP em 2021 e recupera a memória da retomada do território do Largo São Benedito pelas comunidades afrorreligiosas de Jacarezinho.
Em “Terreiro da Mãe Rosa”, produzido pela Iluaiê Produções em 2024, é apresentado a trajetória da Tenda Espírita São Jorge, em Jacarezinho. No filme, Mãe Rosa e membros de sua comunidade partilham suas experiências sociais e religiosas desenvolvidas no terreiro de Umbanda mais antigo em atividade na cidade de Jacarezinho. Já “Xangô, a Iyá e o Terreiro”, produzido em 2021 pela UENP, se apresenta enquanto primeiro registro documental de uma casa de matriz africana na região Nordeste do Paraná. O filme descortina a potência de uma mulher negra, mãe de santo e militante da causa negra em Jacarezinho. Os três curtas-metragens foram dirigidos pelo artista Tiago Angelo.
Após a exibição dos filmes foi realizada a mesa redonda, com os professores Janete Leiko Tanno, Ana Caroline Goulart e James Rios, e o lançamento do enredo “Jacarezinho Preta, uma história não contada”, do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Acadêmicos Capiau. O enredo homenageará Dona Lazinha, Maria das Graças Jacob (Mãe Gláucia de Oxóssi), Rosalina Duarte (Mãe Rosa de Ogum) e Carlinhos Samba, pessoas que fizeram história no carnaval jacarezinhense.
Para o diretor de Cultura da UENP, James Rios, a abertura da Mostra Afro foi muito emocionante. “Foi efetivamente um momento de celebração, de presença da comunidade negra da nossa região. Dona Lazinha, Mãe Rosa, Iyá Odecy e o Carlinhos Samba fizeram com que a nossa noite fosse mágica. A partilha de suas trajetórias de vida muito nos ensinou. A resistência da cultura negra no território perpassa a existência de cada uma dessas pessoas. Se hoje estamos, enquanto Instituição resistindo, é porque elas pavimentaram esse caminho”, comentou.
No evento, o público ainda prestigiou à apresentação da escola de samba Acadêmicos Capiau. Também participaram da solenidade de abertura o diretor do Centro de Ciências Humanas e da Educação, Alfredo Moreira Junior; o vice-presidente da Acadêmicos Capiau, Pedro Henrique Garcia Dias; José Pereira da Paz, o Mestre Capoeira; o dirigente espiritual da Tenda de Umbanda Pai Antonio D’Angola e Xangô, Anderson Lisboa; além de professores e acadêmicos da UENP, integrantes da escola de samba e comunidade externa.
Programação
A programação da X Mostra segue até o dia 6 de dezembro. Na terça-feira, 26 de novembro, acontece a abertura da exposição “Poéticas do território”, dos artistas Jucelino Biagini, Donizeti, Edito e CACosta, no Museu de Arte e Cultura Popular do Norte do Paraná, localizado no Parque Universitário da UENP, às 15h.
No sábado, dia 30 de novembro, o Parque Universitário receberá o II Encontro dos Povos e Comunidades Tradicionais do Norte do Paraná às 8h. No período da tarde, a partir das 14h, acontece o Festival Afro-indígena do Parque, com a II Feira de Artesanato de Jacarezinho, oficinas culturais, apresentações culturais do Sarau da Negritude, e o Parque em Movimento: atividades recreativas para as crianças.
No dia 4 de dezembro, a Mostra leva ao Campus Cornélio Procópio o Cine Norte Negro, às 14h, com a exibição dos filmes “Cornélio Negro” e “Ações da ANEPRO” e a roda de conversa com a professora Janete Tanno, a Mãe Érika de Xangô Carol Santos e James Rios.
A X Mostra de Arte e Cultura Afro-brasileira é fruto do Programa de Desenvolvimento da Cultura da Região Norte do Paraná, com apoio da Prefeitura Municipal de Jacarezinho, dos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da UENP, do Diretório Central dos Estudantes da UENP, da GRECES Acadêmicos Capiau e da CNX Produções.