O encontro contou com a participação de lideranças de comunidades indígenas, quilombolas e de terreiros da região, além de membros da comunidade acadêmica da Universidade. O diretor de Cultura da UENP, James Rios, comentou sobre as atividades que foram realizadas. “Tivemos discussões aprofundadas sobre cultura e saúde e possibilitamos, enquanto Universidade, a articulação de grupos sociais historicamente distantes do contexto universitário. Ciência e saberes tradicionais podem caminhar juntos e o evento foi a prova disso. No festival, à tarde, a nossa comunidade teve a oportunidade de assistir a diversas apresentações culturais de muita qualidade, com produções artísticas do nosso território”, completou.
Para professora Gessica Nunes, da terra indígena Pinhalzinho, de Tomazina, os eventos organizados pelas universidades são um espaço onde é possível se expressar sem medo. “Aqui posso falar sem medo, sem vergonha do corpo indígena, do qual fomos ensinados a ter vergonha. E, com essa vergonha e medo de sermos quem somos, vivemos as violências nessa sociedade que não nos conhece como seres humanos. Hoje, com esta união, nos sentimos muito fortalecidos neste espaço que realmente nos reconhece, e nos sentimos à vontade pra falarmos o que realmente sentimos”, disse.
A estudante Renata Belotti, do curso de Fisioterapia, avaliou a importância das vivências que foram possibilitadas no encontro dos povos tradicionais. “esse tipo de evento é enriquecedor, tanto pros povos tradicionais quanto pra população em geral. Vi que tem muita troca, muita informação e, principalmente, acolhimento, É um lugar em que se sentem realmente representados e entendidos! Eu vivo relativamente distante das realidades dessas comunidades e percebi que preciso e quero entender mais sobre culturas e vivências diferentes da minha e, principalmente, como futura profissional da saúde, entender as demandas dessa população e respeitar suas condições e saberes”, afirmou.
“O evento de sábado no parque foi muito lindo e potente, marcado por uma troca de saberes, cultura e espiritualidade, além de muita arte. Essa ação se torna uma ferramenta de resistências desses povos e comunidades por ser um momento onde a memória deles é preservada, contada por meio de suas próprias vozes. É um momento realmente de muita força no que diz respeito à resistência e à memória desses povos”, comentou a estudante de História da UENP, Maria Vitória Pereira dos Santos Moraes Leal, que participou do evento junto à CNX Produções.
A programação da Mostra de Arte e Cultura Afro-Brasileira da UENP foi iniciada no dia 18 de novembro e ainda tem atividades até o dia 4 de dezembro. Dentre as atividades, a mostra contou, além do II Encontro dos Povos e Comunidades Tradicionais e o II Festival Afro-Indígena do Parque, com exposições de arte e o Cine Norte Negro. O evento conta com a parceria da Prefeitura Municipal de Jacarezinho, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da UENP, da GRECES Acadêmicos Capiau e da CNX Produções.