Ingressantes 2025

UENP realiza Simpósio Educação e Intervenção na Realidade

Quarta, 14 Mai 2025 17:00

A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), através do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), realizou, entre os dias 13 e 14 de maio, o Simpósio Educação e Intervenção na Realidade, no PDE do Centro de Ciências Humanas e da Educação (CCHE) do Campus Jacarezinho. O evento reuniu estudantes, professores, lideranças religiosas e contou com a exposição fotográfica “Visualidades Negras”, uma oficina de percussão, mesa de discussão e uma mostra de documentários.

O coordenador do evento e do Colegiado do Curso de Pedagogia, Antonio Donizeti Fernandes, agradeceu os participantes e destacou que o objetivo do Simpósio é divulgar as ações de intervenção no sentido da promoção da identidade e da cultura negra de seus produtos e produções enquanto prática antirracista em face do dia 13 de maio: Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo no Brasil, uma data de reflexão e luta contra a discriminação e o extermínio do povo negro.

“É um grande prazer estar aqui no dia Nacional de Combate ao Racismo. 13 de maio é dia de preto, 13 de maio é dia de indígena, 13 de maio é dia dos brancos também, e sobre isso vamos tocar nossa conversa. Agradeço ao apoio da Universidade, do Campus Jacarezinho e da Reitoria da UENP. Precisamos fazer acontecer a política de relações étnico-raciais no chão das escolas, nas quebradas, nos batuques e em todos os bairros da cidade”, enfatizou Donizeti.

Durante a cerimônia de abertura, a coordenadora do Neabi e professora do curso de História, Noemi Santos Silva, agradeceu as autoridades presentes e destacou a importância de se ressignificar o 13 de maio. “Essa data sempre foi celebrada na história da população negra e o que a gente faz, hoje, é só retomar todo esse processo, não só celebrando essa liberdade, porque são poucas coisas a se celebrar, mas sobretudo para se refletir sobre as desigualdades históricas entre o fosso histórico que separa brancos e negros”, explicou.

A professora Noemi ressaltou, ainda, que é importante retomar a pauta da questão da escravidão e o quanto o racismo se estruturou e se impregnou na sociedade brasileira e deixa seus resquícios até hoje. “A gente precisa deixar essa data, portanto, para reflexão sobre reparação histórica, sobre as heranças históricas que nós carregamos. O Brasil foi a nação mais escravista das Américas. Então que esses debates e documentários sirvam para a gente se colocar na reflexão e se munir de conhecimento para as lutas que virão”, alertou.

Cacique da Terra Indígena Pinhalzinho, Reginaldo Aparecido Alves partilhou sobre o tema discutido no Simpósio. “Essa é uma pauta forte e presente sobre o racismo e segregação racial e tudo aquilo que nos fere enquanto ser humano. Já vi muita coisa acontecer com o indígena e com o povo negro, principalmente, dentro das religiões de matriz africana, porque a espiritualidade indígena e africana sempre incomodou. Está cada vez mais difícil, complicado de resistir, porque vemos cada vez mais terreiros sendo invadidos, terras indígenas sendo invadidas, lideranças sendo assassinadas, é um genocídio sem tamanho”, disse.

A Mãe Erica de Xangô, de Cornélio Procópio, partilhou a alegria de estar ao lado das lideranças presentes no evento. “Sempre fui militante e lutando por nossas causas. Está muito lindo ver os estudantes aqui e autoridades indígenas, do nosso povo negro e de outras instituições. A gente precisa trazer a sala de aula para eventos como esses. É muito importante saber o que realmente acontece, como foi nossa ancestralidade e como está sendo nosso presente”, relatou.

A vice-presidente da Associação dos Negros Procopenses (Anepro), Carol Santos, apresentou o documentário “Cornélio Preta” durante a abertura do Simpósio e falou sobre suas experiências com o maracatu. “É uma honra estar aqui hoje. Acredito que essas pautas são importantes por questão de reparação histórica. Gostaria que vocês vissem meu documentário e refletisse sobre esse tema tão importante”, observou.

Também participaram do evento o assessor técnico do Parque Universitário de Ciência, Cultura e Inovação da UENP, Fernando Bessa Gonçalves Vieira e a presidente da Anepro, professora Raiane Cristina.

Programação

Na terça-feira, 13, além da exposição fotográfica “Visualidades Negras”, aconteceu a Oficina de percussão “Sambada I e o baque do maracatu - tambores em transe I” e a apresentação dos curtas “Cornélio Preta” e “Presença Indígena”. Já na quarta-feira, 14, os participantes do Simpósio acompanharam a Oficina “Sambada II: Afoxé, Reggae e Samba de Roda - tambores em transe II” e a Mostra dos documentários “1º encontro de maracatu de baque virado Maracatu Baque das Águas”; “Xangô, a Yá e o Terreiro - Negras histórias que se cruzam” e “Maracatu Pedreira e o peso de todas águas da cidade”.

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