A pró-reitora de Extensão e Cultura da UENP, professora Simone Castanho, enalteceu a realização da Mostra e lembrou que o mês de novembro convida a todos a refletir sobre a história e a cultura daqueles que, com muito esforço e, por vezes, com muito sofrimento, sedimentaram a construção da nação brasileira.
“Queremos, com muito esforço, sedimentar ainda mais este projeto ao dar visibilidade à produção artística da população negra, de modo que suas representações encontrem, nos espaços da Universidade, uma possibilidade de tornar visível aquilo que as mídias geralmente invisibilizam ou estereotipam”, pontua.
Durante a tarde cultural, o público pode acompanhar o espetáculo “Por que não tem paquita preta?”, do coletivo Casa Selvática, de Curitiba. A peça é um solo de Simone Magalhães com o apoio de Mateus Henrique, que trabalha na iluminação cênica. O monólogo emocionante e interativo traz músicas autorais da atriz, que é negra, lésbica e pobre, abordando temas relacionados às lutas vividas por essas minorias.
“Neste espetáculo, buscamos sempre estourar a quarta parede e promover uma constante interação com o público. Os impactos e a participação da plateia ajudam na execução da peça, e eu senti intensamente a energia dos alunos da UENP. Fico feliz de tratar desse tema com um público tão receptivo para falar sobre os desafios e o preconceito enfrentado pela população negra em um evento que é necessário”, afirma Simone.
O estudante Luan Vitor, de Ciências Biológicas, acompanhou o espetáculo do início ao fim e sentiu a força do momento. “Este evento tem um tema extremamente pertinente, seja para o nosso momento histórico, o nosso passado e, agora para o que está por vir. Me agradou a abordagem da peça, com música, riso, mas muito protesto, luta e força”, disse.
Já a acadêmica de Ciências Biológicas Camila Oliveira destaca a importância do evento para a inclusão do negro na Universidade e na sociedade. “É um tema muito importante que pode ser fundamental para se combater o preconceito que ainda existe com o negro. Colocar a arte negra em evidência traz respeito e reconhecimento a esse povo tão rico”, comenta.
Após o espetáculo, foi realizada a oficina de capoeira com o professor Pedro Jangada, do Centro de Capoeira Angola Ouro Verde, de Serra Grande, da Bahia. Os estudantes do Campus Luiz Meneghel puderam acompanhar ainda a exposição “Poéticas da Negritude” que conta com obras de Edmilson Donizetti do Nascimento, Marina Moura, Jucelino Biaginni, Joãozinho Caldeira, de Jacarezinho; CaCosta, de Ourinhos; Rodrigo Casteleira, de Maringá, e Victor José Neli, de Londrina.
A curadoria da exposição é assinada por James Rios, Ana Paula Oliveira e Edmilson Donizetti do Nascimento. “A seleção das obras foi feita com vistas ao que está acontecendo no nosso dia-a-dia no que diz respeito à cultura e à inclusão da pessoa negra. Por isso, ao analisarmos as obras, demos prioridade ao que trata dos fatores do cotidiano”, disse Donizetti.
A IV Mostra de Arte Afro-Brasileira vai até 23 de novembro e contará ainda com atividades nos municípios de Jacarezinho, Cornélio Procópio e Santo Antônio da Platina.
Participaram do evento a diretora do Centro de Ciências Biológicas, professora Mayra Gallo de Carvalho, o diretor de Cultura da UENP, James Rios, a coordenadora do curso de Ciências Biológicas, professora Carla Gomes, o presidente da Comissão de Avaliação às Políticas de Ações Afirmativas, professor Mauro Januário, além de professores, estudantes e agentes universitários.