Vinculado ao Programa Universidade Sem Fronteiras, o projeto é uma iniciativa do Núcleo de Investigação em Tecnologia e Aplicação e Máquinas Agrícolas (NITEC) da UENP e tem apoio dos municípios, da Unidade Gestora do Paraná (UGT), da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e do Governo do Estado do Paraná.
O coordenador do projeto, Rone Batista de Oliveira, destaca que, além de fornecer informações precisas e em tempo real sobre as áreas de reprodução do Aedes aegypti que são menos acessíveis aos agentes de endemias, o projeto possibilita identificação e mapeamento desses locais de forma rápida e eficiente. “O projeto permite que medidas de controle e prevenção sejam implementadas de maneira localizada e estratégica antes que ocorram surtos significativos da doença nesses municípios”, explica o professor.
Para Rone, a iniciativa alcança uma ampla gama de públicos. “Alcançamos desde autoridades da saúde pública, gestores municipais, agentes de controle de endemias e, principalmente, a população local. Isso por meio de informações atualizadas sobre áreas de risco, facilitando ações de combate à proliferação do mosquito”, afirma.
Bolsista desde o início do projeto, Jader Barros, que cursa Ciências Biológicas no Campus Luiz Meneghel da UENP, em Bandeirantes, destaca que os municípios são beneficiados com o uso dessa nova tecnologia de diversas maneiras. “Essa ferramenta fornece uma perspectiva de visão que normalmente o agente de endemias não teria em uma vistoria convencional. O drone tem a capacidade de maximizar o monitoramento. A quantidade de residências que a tecnologia pode vistoriar durante os voos é bem maior que as feitas pelo agente em solo”, observa.
O estudante Matheus Castanho de Lima Silva, do curso de Agronomia da UENP, conta que, com essa iniciativa, já é possível minimizar os casos de dengue na região. “O projeto ajudará os agentes de endemias no trabalho deles em vistoriar locais de difícil acesso. Está sendo uma experiência muito positiva”, acentua.
O chefe da Divisão de Vigilância Sanitária de Bandeirantes, Reinaldo Marqui, afirma que as novas tecnologias chegaram para somar e ampliar o campo de atuação dos agentes de endemias. “No momento, o município tem 133 casos confirmados de dengue por exame laboratorial. No entanto, Bandeirantes se encontra em estado de epidemia de dengue. Temos 312 notificações, sendo 122 aguardando resultado de exame. Ao todo seis casos estão com sinais de alarme, com risco de agravamento”, alerta.
De acordo com Reinaldo, apesar desse cenário, o projeto “Estratégias para prevenção e combate à dengue com uso de Drones” da UENP, contribui com a força tarefa organizada pelo município contra a proliferação do mosquito. “Os agentes de endemias já passaram por dois treinamentos sobre drones, com a finalidade de aplicação em saúde pública. Além disso, já estamos em processo de aquisição de um novo equipamento para o município”, observa. “O combate ao Aedes Aegypti precisa ser permanente e o apoio da população e de instituições como a UENP é fundamental para evitar a disseminação da doença”, acrescenta.
Segundo o professor que orienta os bolsistas do projeto, Éderson Marcos Sgarbi, as ações são muito eficazes e a equipe já colhe resultados em dois anos de atuação. “Com o projeto, podemos reduzir os gastos públicos e superlotações nos prontos atendimentos, além de atingir áreas não vistoriadas e promover a proteção à saúde e o bem-estar de todos os cidadãos que residem nas áreas monitoradas”, enfatiza.
“Este projeto está transformando a maneira de identificar, de gerenciar e de intervir nos possíveis focos do mosquito Aedes aegypti. É uma inovação de uma equipe multidisciplinar que soma nas ações já conhecidas pela comunidade, no processo de prevenção e de conscientização da importância de medidas simples, como identificação e eliminação de focos do vetor do vírus”, completa Sgarbi.
Na segunda etapa do projeto, a equipe está desenvolvendo uma plataforma digital para que os municípios envolvidos participem da criação de um banco de dados com informações coletadas pelos agentes de endemias com processamento, análise e interpretação dos dados, atividades que serão realizadas pela equipe multidisciplinar. Outras ações do projeto incluem a conscientização nas escolas por meio de palestras, de aplicações de tecnologias na área da saúde e treinamentos teóricos e práticos com as equipes de agentes de endemias dos municípios-alvo.
Como funciona?
O projeto utiliza uma combinação avançada de tecnologia embarcada nos drones e inteligência artificial para mapear áreas de risco e identificar potenciais focos de proliferação do mosquito. Os drones executam voos automáticos em áreas dos municípios-alvo, (Bandeirantes, Santa Mariana, Itambaracá e Andirá), capturando imagens de alta resolução dos ambientes urbanos.
Essas imagens são processadas por algoritmos de inteligência artificial treinados, que são capazes de identificar potenciais criadouros do mosquito, como caixas d'água, piscinas ou outros tipos de reservatórios de acúmulos de água.