Segundo Juliana, é essencial o entendimento sobre esses colégios para que o imaginário e as concepções socioculturais sobre eles e suas realidades se fortaleçam. “Quando estudamos sobre as escolas rurais, vimos que elas foram responsáveis por alfabetizar mais da metade da população brasileira do século passado, e, atualmente, elas se encontram em grande esquecimento. As escolas rurais que ainda existem estão resistindo. É um movimento de legitimação e luta”, expõe a mestranda. Para o orientador do trabalho, Luís Ernesto Barnabé, foi uma oportunidade de relembrar esse passado. “É preciso atuar contra o esquecimento da trajetória daqueles que vieram antes de nós, para que saibamos quem somos nós”, pontuou o professor.
Buscando envolver diversos públicos, desde crianças da educação infantil, estudantes universitários até a comunidade em geral, a exposição foi organizada em quatro etapas, cada uma apresentando diferentes aspectos da experiência dos estudantes da época. Os visitantes puderam explorar mapas, fotografias, maquetes e fontes históricas, como registros de presença escolar e até mesmo uma antiga carteira de sala de aula.
Para compor o trabalho, onze pessoas que estudaram nessas escolas rurais foram entrevistadas e suas experiências, rotinas, trajetos e brincadeiras foram compartilhadas durante a exposição, criando uma atmosfera imersiva para os visitantes. Marlene Aparecida Lima Gonçalves, moradora de Jacarezinho e ex-aluna da Escola Rural Presidente Vargas no bairro rural Monjolinho, compartilhou suas memórias da infância durante a entrevista. “Foi como dar um pulo no passado”, disse a entrevistada. “É extremamente importante falar sobre o passado para que as pessoas deem valor à história e valorizem o que têm hoje. Poder falar sobre a minha escola foi muito gratificante”, comenta.
Durante a semana de exposição, a Escola Itinerante Valmir Motta de Oliveira, de Jacarezinho, esteve no evento, promovendo uma rica partilha de experiências e conexões com o Produto Educacional exposto. Para além da comunidade externa, discentes dos diversos cursos do CCHE da UENP tiveram a oportunidade de se familiarizar com a continuidade da formação acadêmica oferecida pela universidade através do PPEd. A exposição atraiu cerca de 500 visitantes e nove colégios da região, incluindo acadêmicos, membros da comunidade externa e outros interessados.
De acordo com Barnabé, esse contato envolveu uma demonstração prática de pesquisa científica e movimentou reflexões sobre a continuidade da pesquisa de Juliana por outros acadêmicos interessados, uma vez que é um trabalho pioneiro sobre o tema. “Diversos são os recortes possíveis que se pode fazer sobre o assunto, seja abordando a história da educação, da infância, seja da cidade. Novas pesquisas serão bem-vindas e desejadas pelo PPEd”, destaca Barnabé. Juliana também visualiza a exposição como norteadora de novas possibilidades, através de “novos olhares, curiosidades, reflexões e o desejo de pesquisar sobre o objeto” que o momento trouxe aos visitantes.