O coordenador do programa, professor-doutor Flávio Ruckstadter, destacou durante a abertura da solenidade o contexto em que o Programa se insere, narrando parte da trajetória do Mestrado em Educação até o seu início. “Foram seis anos para chegarmos até aqui. Desde 2013, em diversas reuniões e debates, delimitamos uma proposta que foi submetida em 2014, 2015 e 2017, com muito trabalho e empenho do corpo docente, até que pudemos receber a aprovação da Capes em outubro de 2018. Como se vê, a caminhada foi longa e, hoje, de modo oficial, o PPEd inicia suas atividades”, recorda.
O professor frisou ainda a importância da inauguração das atividades de um Mestrado em Educação na UENP. “Nosso programa atenderá a uma região que é carente em cursos stricto sensu, apesar de formar professores de nível superior há seis décadas. Um programa que irá contribuir para a melhora da educação básica em uma região que não atinge metas de desempenho, além do negativo contexto político”, pontuou Ruckstadter. Refletindo sobre o contexto adverso no Brasil para a educação, sobre a desmoralização, desqualificação e perseguição aos professores, Flávio ressaltou a necessidade de o docente reafirmar seu papel social. “Diante desse contexto, vejo mesmo como uma imposição, a necessidade de reafirmarmos as bonitezas do ato de educar. Do respeito à diversidade e da defesa dos valores democráticos”, finalizou.
O vice-diretor do Campus de Jacarezinho, Maurício de Aquino, destacou no discurso a necessidade de se celebrar a esperança. “É necessário não para nos alienar ou mistificar ideologicamente, esquecendo ou ocultando desigualdades, injustiças e mortes sociais que os neoliberais simulacros democrático-republicanos continuam a reproduzir. Não, não é para esquecer”, afirmou. Sobre o ato de partilhar o conhecimento, o professor ressaltou que ensinar é deixar marcas, é fazer sinais. “Essas são as marcas e os sinais de esperança e de transformação que a partir de hoje, acreditamos que serão experimentados e partilhados desde esse novo e esperançoso programa de Mestrado em Educação”, conclui.
O diretor do CCHE, Alfredo Moreira Junior, resumiu em duas palavras o sentimento vivido durante a abertura do Mestrado com a aula magna. “A primeira é gratidão àqueles que tanto se dedicaram para que esse momento se torna-se viável e acontecesse. A outra palavra é admiração pelo grupo de professores abnegados que dedicaram horas, meses, finais de semana, noites e férias para viabilizar esse Programa”, acentuou. “Resistindo aos ataques perpetrados contra a universidade pública por inúmeras forças e motivos, mesmo assim vocês resistiram e viabilizaram esse Programa. Parabéns! Vocês têm a minha admiração” finalizou.
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Vanderleia Oliveira, lembrou que aquele momento era o fim de uma longa jornada iniciada há seis anos e partilhada por muitos professores e gestores que contribuíram efetivamente para construção do projeto até a aprovação. “Aqui a minha fala, embora oficial como pró-reitora, é também uma fala afetiva – pois sou também da área de formação de professores, por isso é inevitável também sentir essa emoção”, partilhou.
A professora lembrou ainda a vocação da Universidade em formar educadores, acentuando o espírito de resistência e persistência dos professores que possibilitaram a abertura do Mestrado na UENP. “Essa persistência está amparada numa esperança, esperança no humano, esperança na formação do outro, esperança na humanidade”.
O vice-reitor Fabiano Gonçalves Costa também recordou a importância daqueles que contribuíram para a realização do projeto. “Atrás de nós existe uma história imensa de pessoas que nos antecederam e que foram igualmente importantes para pudéssemos concretizar um momento tão especial para esse centro de estudos e para UENP. Momento da realização de um sonho”. O vice-reitor acentuou ainda a importância do Mestrado para o desenvolvimento regional, missão primeira da Universidade em sua criação, e parabenizou os estudantes que iniciaram a pós-graduação. “Ser mestrando nesse país hoje significa muito, especialmente hoje. E na contramão dos tempos, a UENP lança um programa de Mestrado Educação”.
O corpo docente do PPEd é composto pelos professores Antonio Carlos de Souza (vice-coordenador); Vanessa Ruckstadter; Marisa Noda; Jean Carlos Moreno; Jorge Sobral; Luiz Antônio de Oliveira; Maurício de Aquino e Flávio Furlanetto. A professora Maria Lúcia Vinha fez parte da equipe de submissão do projeto à Capes, porém, deixou o corpo docente após se aposentar.
Este é o sexto programa de pós-graduação stricto sensu da UENP que conta ainda com o mestrado e doutorado em Ciência Jurídica, e os mestrados em Agronomia, Letras e Ensino. Participou também da solenidade o diretor de Pesquisa da UENP, Marcos Augusto Alves da Silva.
Aula Magna
A aula magna de lançamento do programa de mestrado, realizada pelo professor-doutor Luciano Mendes de Faria Filho, docente da Faculdade de Educação da UFMG, foi acompanhada por cerca de 300 estudantes do CCHE. Uma das principais referências atuais de pesquisa em Educação no País, o professor pontuou durante a palestra sobre a crise de reconhecimento do professor e da escola, falou sobre a profissão docente e o ato de ensinar, traçando percurso histórico sobre a educação que o possibilitou discorrer sobre a importância do mestrado para formação docente, para produção de conhecimento e para a atuação na gestão pública da educação.
“Não podemos esquecer que temos 200 mil escolas no Brasil, 5.570 municípios e quase todos têm um secretário de Educação. Em boa parte desses municípios, o secretário ou secretária não sabe fazer um projeto para o MEC. São mais de 2 milhões de professores, são 50 milhões de alunos. Esse complexo sistema é, de um modo geral, administrado de forma extremamente amadora. Nós temos que cuidar, temos que produzir, temos que formar pessoas para fazer a gestão desse sistema, por exemplo. Por outro lado, aqui é lugar de produção do conhecimento”, frisou.
“Minha expectativa é que os mestrados profissionais possam contribuir para formação de pessoal altamente qualificado para a educação básica em todos os seus níveis e em todos os postos, da sala de aula à gestão”, finalizou Luciano Faria.