Fruto da dissertação de mestrado em Letras, defendida em 2006, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), o livro apresenta uma análise reflexiva da figura da mulher, seu comportamento e atuação, nas obras S. Bernardo (1934), Angústia (1936) e Vidas Secas (1938), de Graciliano, num período em que as mesmas passam a assumir o papel de questionadoras diante do contexto político brasileiro representado, nesta época, pelo Governo de Getúlio Vargas. Assim, a reflexão evidencia a tentativa das personagens de contestar o poder concentrado nas mãos dos homens.
Conforme define o professor Hidemi, "Mulheres de Graciliano é um trabalho que analisa várias personagens femininas desses romances, sejam elas as principais protagonistas, sejam elas meras coadjuvantes dessas narrativas". O autor pontua que o objetivo foi mostrar que tais figuras femininas da ficção graciliânica protagonizam, nas primeiras décadas do século XX, algumas reações à ordem masculina e patriarcal. "Isso que é bastante inusitado, pois na esfera da realidade os questionamentos femininos à hegemonia masculina só vão ocorrer na década de 1960", destaca Hidemi.
O autor aguarda informações sobre a possibilidade de expor a obra em estande na Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP) que, neste ano, vai homenagear Graciliano Ramos. No ano passado, aconteceram as comemorações dos 120 anos de nascimento do escritor e, em 2013, completa 60 anos de sua morte.
Embora a obra fosse produzida há sete anos, a oportunidade para publicação ocorreu apenas em 2011, quando o projeto foi apresentado pelo professor à EDUEL. Sobre as comemorações em torno de Graciliano, Hidemi ressalta que "A despeito disso, não passa de mera coincidência a publicação de meu livro sobre algumas obras do romancista".