José Rafael de Oliveira, 24, coordenador Estadual do Coletivo da Juventude do MST, salienta a importância dos trabalhos realizados. "Eu acredito que há duas coisas muito importantes nesse processo: aproximar a universidade do campo, do assentamento, e fortalecer essa troca de experiências", pontua José. A educadora dos anos iniciais do MST, Denice de Campos, 25, ressalta as atividades realizadas. "Foi maravilhoso, todos ficaram encantados com os trabalhos realizados por vocês da Universidade".
Para o coordenador do Convênio das Escolas Itinerante do Paraná (ACAP), Cassiano Rodrigo Kapper, 25, os trabalhos realizados sobre sexualidade com as crianças e jovens foram muito importantes. "Nossa formação (de educador) não nos dá condições de trabalhar isso na escola. Acaba-se taxando e não se fala sobre a sexualidade". Zenilda Lisboa Pereira, 43, dirigente Estadual da Brigada do MST, valorizou o trabalho coletivo desenvolvido durante os dois dias no assentamento. "Foi bastante gratificante essa parceria com a Universidade. É difícil de falar sobre a dedicação de todos", sintetiza.
Como salienta o coordenador do projeto, professor Luiz Fabiano Zanatta, 35, em ações como esta, apreende-se muito mais do que se ensina. Suelen Cardoso, 21, aluna de Enfermagem, destaca que foi uma experiência incrível. "Tudo que via e ouvia era totalmente o contrário da realidade do MST. Fiquei encantada com as pessoas, o respeito que umas têm com as outras". A acadêmica Laisa Silva, 21, (Enfermagem) partilha que esta foi uma das melhores experiências que teve na vida. "A todo o momento ouvia um obrigado. Na hora de despedir, foi de cortar o coração. As crianças nos abraçando e agradecendo por tudo. Me senti muito feliz".
Jéssica Fernanda, 23, diz que se surpreendeu com as atividades dentro do assentamento. "Há um preconceito muito grande quando se fala nos Sem Terra. Mas existe uma organização e uma união das pessoas dentro do Movimento. Existe amor, carinho, educação e necessidades humanas como qualquer outro lugar", acentua a estudante de Enfermagem. Já Danilo Peixoto, 23, do curso de Educação Física, pontua que "Se o povo brasileiro seguisse o exemplo de comunidade e coletividade como é feito pelo MST, o Brasil seria uma nação melhor". Para Maria Paula Claro, 21, (Enfermagem) "a experiência foi única. O tanto que já pude aprender não está escrito. Espero poder crescer sempre mais a cada viagem e a cada visita ao MST".
O professor Luiz Fabiano, explica que, historicamente, os Sem Terra vêm sendo estigmatizados, principalmente pela mídia, com estereótipos depreciativos como baderneiros, marginalizados, vagabundos, dentre outros. "Com base em nossa experiência, as constatações são completamente diferentes! O MST se organiza em torno de três objetivos principais: lutar pela terra, lutar por Reforma Agrária e lutar por uma sociedade mais justa e fraterna".
Para se pensar sobre os sujeitos do MST, o professor propõe uma analogia. "Quando vemos um livro em uma estante ou biblioteca, jamais saberemos qual é o seu conteúdo e os ensinamentos que nos proporcionará se apenas o julgarmos pela capa", analisa. "Assim interrogo: Seus saberes sobre o MST e seus sujeitos, não seriam apenas conhecimentos de uma capa apresentada pela "estante" midiática? Para responder convido todos a refletir com Paulo Freire: 'A cabeça pensa onde os pés pisam!'", pondera Luiz Fabiano.
"Sexualidade em Movimento"
As ações que foram desenvolvidas no assentamento, nos dias 17 e 18 de abril, integram o projeto de Extensão "Sexualidade em Movimento", que é vinculado ao setor de Enfermagem da Universidade. O projeto foi concebido como parceiro do Projeto de Formação para Mulheres dos Assentamentos de Reforma Agrária do Paraná que é executado pela Associação de Cooperação Agrícola do Paraná através dos setores de Educação e Gênero da Secretaria Estadual de Educação do MST, tendo como fonte de financiamento a Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República.
O conjunto de ações do projeto ocorre com ênfase nas questões do corpo, gênero e sexualidades, visando catalisar discussões e reflexões críticas sobre questões emergentes deste universo. As ações foram pautadas nos princípios da Educação Popular e na Política Nacional de Educação Popular em Saúde, explica o coordenador Luiz Fabiano.
Para o primeiro semestre de 2015, o projeto "Sexualidade em Movimento" ainda tem ações agendadas para Londrina, Paissandu e Porecatu. Além de um curso de formação de monitores que será ministrado em Maringá, com 15 membros do Movimento que contribuirão na realização das sondagens para realização das oficinas de Educação em Sexualidade. Ao final das ações, estima-se que o projeto atenderá diretamente mais de 500 pessoas, que deverão se tornar multiplicadores das atividades em suas comunidades.
Participaram também das atividades, os professores Lucas Oliveira de Araújo e Kelly Holanda Prezotto, e as discentes de Enfermagem Regiane Oliveira, Luana Fernandes dos Santos, Natália Otenio Porcinelli, além da estudante de Medicina Veterinária, Juliana das Chagas Goulart, e Tiago Angelo (Letras). O grupo fez doação de uma "Caixinha de Poesias" e de uma bola à escola do assentamento.