João Pedro Melo, professor de natação, comenta que as crianças atendidas estão em situação de vulnerabilidade social e explica que “esse ‘caminhar’, é o caminhar até o sucesso, por um caminho melhor, até uma vida melhor”. O bolsista ainda diz que o objetivo é fazer com que elas saiam da realidade que estão inseridas. “Para isso, nós proporcionamos em nossas aulas momentos de alegria, lazer e diversão e, claro, educação, para que saibam que a vida tem um lado diferente daquela que eles vivenciam dia a dia”, complementa.
“O projeto faz minha vida melhor, eu me sinto bem e confortável, eles me deixam a vontade, é muito importante para mim. Já aprendi muita coisa aqui”, afirma Kerolayne Ryana Batista, 13, que participa há seis anos do Caminhar.
Maria de Lurdes Silva, avó da Kerolayne, partilha que a neta comenta sobre o projeto ser como uma segunda casa, além de ter uma consideração muito grande pela equipe de professores. “Quando ela vem aqui sinto que está segura, porque a minha preocupação é a rua, a rua só oferece coisas ruins e faz com que o jovem pegue o caminho errado. Aqui eles aprendem muita coisa boa, ela me respeita mais e eu sei que tem a ver com o que ela aprendeu aqui. Eles são a segunda família dela”, disse.
“No projeto buscamos alinhar o esporte, cultura e educação pensando no desenvolvimento das crianças, em estimular todo o potencial que elas têm. Sempre dizemos que esperamos que eles sejam os futuros alunos aqui da UENP, e eu tenho certeza que no futuro estarão em nossas salas de aula”, acentua a coordenadora do projeto e professora da UENP, Daniela de Freitas Guilhermino Trindade.
Layane de Oliveira, mãe do Lucas Gabriel, 7, e do Davi Oliveira, 10, comenta sobre o sentimento de ter os filhos participando do Caminhar. “Prefiro meus filhos aqui do que na rua que não tem nada de bom a oferecer para eles. O pessoal chama a gente para conversar, para explicar o que é certo, o que é errado, se eles fazem alguma coisa errada eles falam para nós. Agradeço a UENP por ter esse projeto e por cuidar deles”, disse.
“Nas aulas, utilizo plataformas educativas que abordam as matérias da escola, como a matemática e a ciência, e por serem jogos as crianças acabam se divertindo e aprendendo. É gratificante para nós professores conseguir passar um conhecimento e auxiliá-los a terem um futuro mais promissor”, ressalta Luciano Ribeiro, professor de informática e xadrez no Caminhar.
A professora de dança do projeto, Isabelly Barbosa, fala sobre respeitar o tempo de cada um, mas também dar valor ao desenvolvimento das crianças. “Ao decorrer do projeto vejo uma evolução enorme de todos, cada um da sua forma, não só na minha aula, mas nas dos outros professores também. A evolução acontece de pouquinho em pouquinho e isso é muito gratificante”, afirma.
Outra participante que considera o Caminhar uma família, é a Maria Gabriela da Cruz Dias, 11. Ela está no projeto desde 2018 e confessa que a aula preferida é a dança. “Tudo o que eu faço aqui me deixa feliz, me diverte. Eu gosto mais da dança, porque eu aprendi muitos passos. É tipo uma família, tenho muitas amigas aqui no projeto, não consigo escolher um só”.
O coordenador do projeto, professor Éderson Marcos Sgarbi, agradeceu aos pais pela confiança na universidade e destacou a satisfação em poder proporcionar essa vivência para as crianças. “Agradeço aos pais que acreditam e confiam em nossa universidade, para nós é uma alegria imensa. O que fazemos é proporcionar para essas crianças a oportunidade de conhecer o espaço da universidade, incentivar que possam fazer faculdade e assim ter um futuro melhor. É gratificante ter as crianças aqui, ver o sorriso deles e o aprendizado, e é isso que a gente leva, fazendo o bem recebendo o bem. O futuro nosso e da sociedade está aqui”, destacou.
“O que a gente espera é que essas crianças se sintam importantes, que eles saibam que tem direitos e deveres na sociedade e aqui tentamos mostrar para eles a diferença do que é a vida na realidade deles. Quando vemos uma melhora, o mínimo que seja, aí já começamos a colher frutos”, finaliza João Pedro.
O professor de natação conta, ainda, que é feita uma avaliação na Clínica de Enfermagem da UENP, para avaliar e acompanhar o desenvolvimento de cada aluno, seja motor, físico, psicológico. “Inicialmente foi feito uma avaliação na clínica e depois uma avaliação física. Fazemos esse acompanhamento a cada três meses, para que possamos planejar as aulas da melhor maneira possível, para que cada vez mais as crianças melhorarem o desempenho e o desenvolvimento nas atividades”, explica.
O projeto Caminhar tem parceria com a Usina da Cidadania, do município de Bandeirantes, e é financiado pela Superintendência da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior por meio do edital Universidade Sem Fronteiras. A UENP possui atualmente sete projetos aprovados pela USF.