Destinado exclusivamente a estudantes indígenas residentes no território paranaense, o processo seletivo oferece seis vagas em cada uma das sete IES estaduais, além de 10 vagas na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio de um convênio mantido entre as duas esferas, nos mais variados cursos. Essas vagas, no entanto, são estabelecidas pelo Governo Estadual como suplementares, não podendo ser confundidas como um sistema de cotas. Para as provas deste ano, inscreveram-se 424 indígenas, dos quais 53 escolheram, no ato da inscrição, a UENP como primeira opção de curso. Como segunda e terceira opções para estudar na Universidade, foram mais 65 inscritos.
O aluno, ao ingressar na universidade, recebe acompanhamento pedagógico de uma comissão formada por professores de cada instituição que, além do planejamento e realização do vestibular, busca também assegurar a permanência e a conclusão do curso desses graduandos. Durante o período em que está na Universidade, o acadêmico participa de reuniões bimestrais e extraordinárias de acordo com a demanda.
Com o auxílio das IES, a Comissão Universidade para os Índios, a qual é integrada também pelos professores Márcio Ohira, do campus Luiz Meneghel, e Aécio Melo, do campus de Cornélio Procópio da UENP, planeja, coordena e realiza o vestibular que, por se tratar de um processo seletivo destinado exclusivamente aos indígenas, apresenta algumas particularidades em seu desenvolvimento.
Durante a realização do vestibular, a cultura distinta dos indígenas é levada em consideração, tornando-se necessária, por exemplo, a inclusão de uma etapa adversa como a prova oral. Por meio dessa, segundo comenta o professor Márcio, é possível avaliar de forma mais adequada questões diversas relacionadas à possibilidade de ingresso do candidato, além da permanência deste na comunidade acadêmica.
Sobre o programa instituído pelo Governo do Estado, o professor explica que, para muitos, o Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná tem como objetivo retribuir uma dívida histórica para com os indígenas. Márcio pontua, entretanto: "Devemos pensar que, como um povo brasileiro, temos de discutir e buscar formas para que o acesso ao ensino superior também ocorra em povos de cultura tão distinta quanto estes". O professor acrescenta ainda: "O retorno de formandos indígenas às suas comunidades contribui de forma bastante visível em vários aspectos, principalmente para o desenvolvimento e emancipação da comunidade".