Marcelo Passos, coordenador do CPOrg, acentua que esta Instituição existe em cada Estado e que esta comissão analisa os interesses e problemas dos agricultores, organizações e universidades para pleitear recursos e propor programas junto ao Governo Federal. Já a Câmara tem a mesma função, porém trabalha conforme a legislação estadual, sendo um órgão de apoio ao secretário, auxiliando na criação de políticas públicas.
Durante a reunião, que contou com a participação de várias organizações e entidades da sociedade civil, universidades, pesquisadores, assistência técnica e produtores rurais, debateu-se formas de promoção da agroecologia e a produção orgânica no Estado. “A produção orgânica é crescente no mundo todo e, particularmente, dados comprovam que o Paraná tem o maior número de produtores orgânicos do Brasil”, destaca o coordenador do CEDRAF, Ivo Melão. Ele acredita que o crescimento de consumidores de orgânicos está relacionado não só à busca pela qualidade de vida e segurança alimentar, mas também à preservação do meio ambiente e combate ao agrotóxico.
O anfitrião da reunião, professor Rogério Macedo, coordenador do Neat, destaca que é a primeira vez que a reunião acontece no Norte Pioneiro e que esta visita dá mais visibilidade tanto ao trabalho que o Neat e a UENP vêm fazendo na região, quanto ao realizado pelos agricultores e profissionais.
“Para apresentar um panorama local, nós convidamos alguns produtores que têm experiências diferentes, porém têm em comum o fato de terem saído da agricultura química convencional para um modelo orgânico de produção. Eles apresentaram como foi a mudança e responderam perguntas dos participantes com o objetivo de servir também de exemplo para outros produtores”, disse Rogério.
Um dos pontos fortes da reunião foi a apresentação realizada pelo Neat de um mapa da produção orgânica no Paraná, Estado que conta com cerca de 2600 produtores certificados. “Vendo a carência de informação de forma objetiva, a equipe de profissionais, estagiários e voluntários do Neat realizaram uma pesquisa e assim montaram uma fotografia inserida no mapa do Paraná, identificando onde estão os agricultores certificados pela produção orgânica”, ressalta Rogério Macedo. Ele frisa que um dos objetivos dessa forma de publicação é fazer com que a informação chegue de forma mais transparente aos consumidores, comerciantes, pesquisadores e estudantes.
Professor Rogério analisa que os números positivos no Paraná estão ligados ao trabalho de extensão da Emater, IAPAR, universidades, pesquisadores e núcleos de estudos e, em especial, pelo Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos (PPCPO). “O PPCPO é uma política pública de 2009 que garante a permanecia de um núcleo com uma equipe de profissionais e estudantes dentro de cada Universidade Estadual para realizar um trabalho com os agricultores familiares de maneira gratuita, com orientação técnica, acompanhamento até o processo de auditoria e, conforme o resultado, a emissão do certificado junto ao Tecpar”, explicou Rogério, lembrando que o Norte Pioneiro tem 101 produtores certificados e outros muitos em processo de certificação.
Para Paulo Lizarelli, coordenador da área de agroecologia da Emater, o Paraná serve de modelo em relação a União no setor de agroecologia e produção orgânica. Para ele, exemplos como o da engenheira agrônoma, Ernestina Muraoka Izumi (Tina), da Emater Uraí, regional Cornélio Procópio, devem ser seguidos por mais profissionais. Ela, como destaca Paulo, tem um trabalho focado e estabelecido em parceria com os membros do PPCPO, que auxiliam o produtor familiar no manejo orgânico, na adequação para conquista do certificado de produção, além de contribuir no processo comercialização.
Durante o dia de trabalho, os participantes visitaram ainda a Estação Experimental Agroecológica “Terra Livre” do Neat, onde recentemente foi implantado o Sistema Agroflorestal.
Por: Daniani Souza
Foto: Jean Guerino