As observações, de acordo com a professora, permitiram determinar alguns requisitos, que foram apresentados como um Framework Conceitual para Apoiar o Design de Ambientes Colaborativos Virtuais de Cultivo à CoP Inclusivas aos Surdos. O framework (modelo) foi aplicado no desenvolvimento de uma ferramenta de videoconferência que deverá facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes, dispostos em locais geograficamente distintos, com a mediação (tradução) de um intérprete. A ferramenta, denominada "InConf", foi utilizada e avaliada por um grupo composto por surdos (falantes da Língua Brasileira de Sinais - Libras), ouvintes e um intérprete (ouvinte).
A pesquisa, realizada pela professora no programa de doutorado em Informática pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), busca minimizar as barreiras de comunicação e promover o acesso ao conhecimento e a inclusão social. A ferramenta de videoconferência – InConf, como detalha a professora, oferece um ambiente para a interação entre surdos e ouvintes que respeita as especificidades das línguas envolvidas (Libras e Português), além de permitir a mediação de intérprete, que realiza a tradução simultânea de cada fala.
O Software, testado em duas conferências em todos os seus aspectos, oferece também mecanismo para criar e gerenciar as videoconferências e, na área de Administração, torna possível agendar uma conferência, definir os participantes com seus respectivos papéis e responsabilidades e realizar o convite por e-mail. A ferramenta apresenta ainda um mecanismo para a organização dos turnos de fala, para que toda a comunicação seja traduzida, evitando conversas paralelas (surdos com surdos e ouvintes com ouvintes), minimizando a perda de informação. Para apresentar instruções sobre a ferramenta, a InConf utiliza vídeos em Libras com legenda em Português.
Daniela explica que foram realizadas duas conferências com a mediação da InConf, a fim de avaliar o potencial do software. "A avaliação fundamentou-se cientificamente na etnometodologia, em que o contexto real do uso da tecnologia é considerado. Os participantes (surdos e ouvintes) tinham um objetivo durante a reunião: a elaboração de um artigo sobre as dificuldades enfrentadas pelo surdo no dia a dia", comenta.
Após a participação na videoconferência, Jonathan Alvez, 18 anos, de Santa Mariana, ressaltou que a ferramenta terá grande valor para a comunidade surda. "Estou acostumado a conversar com surdos pelo SKYPE, mas com a pessoa ouvinte não dá para conversar. Por isso o InConf será muito importante, pois, numa outra perspectiva de interação, ela traz a presença do intérprete para mediar a comunicação entre surdos e ouvintes".
Fabíola Alves, 17, de Santa Mariana, comemora o resultado positivo das duas conferências e a experiência com a ferramenta. "Estou muito feliz por essa conquista da comunidade surda. Esta ferramenta promove justamente esta troca de experiência entre os ouvintes e os surdos que até então não era possível. Para o surdo é importante que a língua de sinais seja respeitada". O mediador da conferência, professor Luiz Renato, acentua a importância da ferramenta e seu caráter inovador. "Este trabalho deverá beneficiar não só os nossos alunos e professores surdos da UENP, como também outros surdos do Brasil".
A professora comenta que, com o resultado das análises efetuadas e com base nos depoimentos dos participantes, verificou-se que foi possível alcançar êxito. "Os participantes surdos e ouvintes puderam interagir de maneira profícua com a medição do intérprete". Daniela ressalta ainda que "É importante que pesquisas em Ciência da Computação atentem para as necessidades e especificidades das pessoas, a fim de orientar o projeto de ferramentas para minimizar as barreiras de comunicação, promover o acesso ao conhecimento e a inclusão social". O trabalho é orientado pela professora-doutora da UFPR, Laura Sanchez Garcia.