A atividade, embora não seja tão vistosa como a criação bovina, ganha cada vez mais espaço entre produtores do Norte Pioneiro pelo potencial de crescimento e possibilidade de diversificação de renda, destaca o coordenador do Projeto, professor-doutor Petrônio Pinheiro Porto. Atualmente, 18 criadores de ovinos dos municípios de Cambará, Andirá, Bandeirantes, Barra do Jacaré e Santo Antonio da Platina são supervisionadas pelos integrantes do programa que teve início em março de 2014. "Com o nosso trabalho, os produtores entenderam a necessidade de um melhor manejo reprodutivo, sanitário, nutricional e compreenderam a importância do melhoramento genético, da sustentabilidade e do bem estar animal", afirma. "Com isso, estamos buscando fomentar a cadeia produtiva da ovinocultura do Norte Pioneiro e elevar o ganho de qualidade do plantel das propriedades locais", ressalta o professor.
No programa, o setor de Ovinocultura da Universidade serve de laboratório e apoio técnico para as atividades práticas dos produtores parceiros. Nesse setor, já foram viabilizados treinamento e mini-cursos teóricos e práticos, relacionados às diversas áreas da produção (nutrição, reprodução, parasitologia, silvipastoril e centro tecnológico de carne). O diretor do CLM, Ederson Marcos Sgarbi, destaca que o projeto de Ovinocultura é de suma importância para o apoio aos produtores da região. "Este trabalho contribui para o crescimento e para o fortalecimento da Ovinocultura no Norte Pioneiro e projeta a Universidade a um cenário de grande importância, além de contribuir para o aperfeiçoamento profissional de nossos acadêmicos".
Renato Rosa Domingues, presidente do Sindicato Patronal de Santa Amélia, comenta que apoiou a iniciativa de imediato, por entender o benefício levado ao produtor, em especial da agricultura familiar. "A ovinocultura é uma opção a mais de renda". Com experiência no ramo, Renato aponta as vantagens e desvantagens da criação de ovinos no Norte Pioneiro. Em áreas bem manejadas, podem ser trabalhadas de 16 a 25 ovelhas/ha, o que possibilita boa escala de produção, segundo Renato. Ele compara esse dado com o ciclo da vaca, com uma cria, até abater com 18 a 20 arrobas, que vai de 34 a 36 meses em média na nossa região. "Com a ovelha, você consegue três crias a cada dois anos, ou seja, se trabalharmos com 20 fêmeas/ha, taxa de natalidade de 90%, prolificidade de 1,3 (18*1,3 = 23 cordeiros) e considerando mortalidade de 10 – 20% teremos no mínimo 54 cordeiros a cada dois anos, os quais são abatidos com média de idade variando de três a sete meses, dependendo do manejo realizado na propriedade. Os benefícios são muitos, mas perdemos na questão do abate, na cadeia organizacional, como por exemplo, não temos frigorífico que compre os animais na região", pontua.
Já André Luiz Teodoro da Silva, secretário Municipal da Agricultura e Pecuária de Bandeirantes, reconhece a importância do projeto para o produtor que muitas vezes não tem acesso à tecnologia e à assistência e nem condições para financiar atendimento especializado. Confiando no projeto, André Luiz, que também é agricultor e produtor de ovino de corte, aumentou de seis para 53 animais após início do projeto da Universidade. "Recebemos orientação principalmente sobre o manejo geral conforme nossas condições de criação. Aprendemos o manejo sanitário e a mineralização. Hoje eu trato meus animais, além de pasto, com resíduos de soja, de milho e trigo que tinha disponíveis e nos ensinaram a utilizar na dieta". Com os resultados positivos, ele destaca que "Os produtores querem a continuidade do projeto, mesmo que tenha de financiar alguma coisa".
O agricultor José Carlos Ferreira Rosa, 47, do assentamento Sem Terra, em Bandeirantes, elogia o trabalho realizado pelo projeto e reassalta a orientação recebida durante esse período. "Com o projeto, o que eu poderia fazer de errado, eles orientam. E fazemos o certo. Com os trabalhos, estou procurando melhorar a genética dos meus animais e aumentar bem a criação". Na propriedade de José Carlos, que possui atualmente 20 cabeças de ovinos, a Universidade implantou, há um ano, o sistema agrosilvopastoril, que é a integração lavoura-pecuária- floresta. José Carlos, que também realiza criação de abelhas, afirma que "Tudo melhorou muito. Com o acompanhando, os animais estão em bem melhores condições". Somado a isso, o produtor tem auxiliado a Universidade na implantação de colméias de abelhas Jataí no setor de ovinos da instituição, demonstrando importante troca de conhecimento entre os dois elos do programa.
O projeto tem previsão para término neste mês, mas os produtores assistidos pretendem financiar a ida da equipe mensalmente às propriedades para continuidade das atividades, fato em estudo na instituição, uma vez que há interesse do coordenador do programa. Produtores da região interessados em participar podem entrar em contato com o professor e agendar visitas de acordo com a disponibilidade.
Formação profissional
Financiado pelo Pró-Extensão do Governo Federal, o programa "Ações para o desenvolvimento da Ovinocultura na Região Norte Pioneiro do Estado do Paraná", conta com 16 bolsistas dos cursos de graduação envolvidos. A atividade de extensão rural proporciona ao aluno da Universidade a oportunidade de entrar em contato com o homem do campo durante o período de sua formação acadêmica, pontua o coordenador do projeto.
A acadêmica Aline Feriato Vieira, do 2º ano de Medicina Veterinária, destaca que o projeto possibilita o aprender com a prática. "Temos contato com muitas coisas diferentes. É uma grande oportunidade de aliar a teoria e a prática". Mychaela Angela Viera Marcon, da mesma turma de Aline, ressalta que a única forma de se tornar um verdadeiro Veterinário é colocar a 'mão na massa'. "É muito importante para gente essa prática, este é um curso prático". Rodolfo Rando, também da Medicina Veterinária, sustenta que "O campo é o que faz você saber, aprender a trabalhar, ver de verdade o que acontece".
"Nesse contexto, visualizamos a importância da constituição deste canal permanente de conhecimentos entre a Universidade e o produtor rural", salienta Petrônio. "O homem do campo vive em um mundo prático e às vezes restrito a poucas informações, enquanto professores e estudantes, num ambiente teórico e acadêmico que pode levar a uma formação deficiente. Com o projeto, há a oportunidade de inserir nossos acadêmicos diretamente na cadeia produtiva da atividade", finaliza o professor.