O espetáculo tem classificação indicativa livre e pode ser acompanhado pelo público em geral. A turnê é dirigida especialmente a professores do ensino básico, educadores em geral, mediadores de leitura, bibliotecários e estudantes de Letras ou outras disciplinas artísticas. “A expectativa é que possamos cerzir uma nova colcha de histórias e saberes em cada um desses locais. Apesar de passar por temas complexos, procuro fazer na aula um exercício íntimo, subjetivo, para que encontremos em nossa infância e na nossa ancestralidade o fio da meada de quem somos hoje, o fio da voz que continuamos fazendo vibrar no mundo”, destaca Renato.
Na apresentação, o artista vasculha canções e histórias orais formadoras do Brasil em perspectiva subjetiva, sendo um misto de palestra, show e recital poético conduzido a partir de seu livro-CD “Samba de uma noite de verão”, contemplado com o Prêmio Jabuti em 2017. Na apresentação, ele recorre aos primeiros contadores de história de que se tem registro – os griôs africanos e os rapsodos gregos –, e os atualiza por meio da potência oral do Brasil, herança da formação étnica. O nome “costuras poéticas” faz referência à etimologia de rapsodo, já que rhaptein, em grego, significa coser. Estes multiartistas ancestrais eram como “costureiros” que alinhavavam conhecidos textos-tecidos. É um exercício que Renato também pratica no espetáculo, ligando trechos de suas obras a produções de escritores e compositores brasileiros, africanos e europeus de diferentes linhagens.
De sua criação, Renato utiliza principalmente “Samba de uma noite de verão”, livro que reescreve o “Sonho de uma noite de verão”, de Shakespeare, à brasileira, ou seja, com o propósito de construir uma metáfora da formação do país em perspectiva crítica. Assim, além de personagens típicos do nosso imaginário literário, como os malandros, os líderes sociais, os exploradores da especulação imobiliária, agrega à história deidades da mitologia dos orixás e lendas da cosmogonia ameríndia. As três matrizes culturais que confluem na formação do país, ora de forma amistosa e ora de modo violento, estão representadas na aula-espetáculo.
“O samba, sendo hoje reconhecido como símbolo nacional e produto de exportação, é um retrato da nossa história complexa, das marcas coloniais. Ele sobreviveu a criminalizações institucionais e tentativas de silenciamento a partir da célula angolana e da recriação dos negros escravizados ou das comunidades populares subalternizadas. Podemos entendê-lo simbolicamente também como produto das misturas: as percussões africanas, os sopros indígenas e as cordas ibéricas”, pontua o artista.
Ele acrescenta que abordará também outras referências brasileiras que são resultado da reinvenção da diáspora, como a umbanda e as manifestações de roda. Dentre as canções que Renato interpreta está “Compasso da Vila”, letra integrante do seu livro-CD, que descreve o cotidiano da Vila de Vera Cruz, onde é ambientada a fábula, e a inédita “A mão do tempo”. Após cada apresentação, haverá lançamento da obra.
O trabalho tem direção de produção de Danieli Pereira e técnica de Ricardo Grings. As bases musicais são de Gustavo Gorla e a preparação vocal é de Paulo Vitor Poloni. A turnê passa por dez cidades do Estado e tem apoio exclusivo da Copel em projeto aprovado no Programa de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE), da Secretaria de Estado da Cultura e Governo do Estado do Paraná. A apresentação em Jacarezinho tem apoio cultural do Agon Teatro e da Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus de Jacarezinho.
Costuras poéticas pelo fio da voz
Aula-espetáculo de Renato Forin Jr.
Data: 24 de agosto (quinta-feira)
Horário: 19h30
Local: Auditório CCHE/CLCA da UENP - Campus de Jacarezinho, Rua Padre Melo, 1200.
ENTRADA GRATUITA
Classificação indicativa: livre
Créditos/fotos: Marika Sawaguti