II Ciclo de Debates homenageia Mestre Pastinha e discute a ‘diáspora africana’

Quarta, 16 Abril 2014 10:35 por Assessoria de Comunicação Social
Ciclo de Debates discutiu a diáspora africana a partir de apresentação fílmica; evento reuniu cerca de 370 participantes durante os três dias no Campus Jacarezinho Ciclo de Debates discutiu a diáspora africana a partir de apresentação fílmica; evento reuniu cerca de 370 participantes durante os três dias no Campus Jacarezinho

O "II Ciclo de Debates, Mostra de Cinema e Documentários: Mestre Pastinha e a Diáspora Africana" da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), neste ano, homenageou Vicente Ferreira Pastinha, o "Mestre Pastinha", praticante e entusiasta do "Jogo de Capoeira Angola", cuja atividade, em 2008, passou a ser considerada, pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), como Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro, além de candidato, em 2013, a se tornar Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. O evento, realizado de 7 a 9 de abril, no auditório do PDE, trouxe como tema basilar para as discussões e mesas-redondas a questão da "diáspora africana", a partir de apresentação fílmica referente às práticas culturais e expressões sociopolíticas daqueles que, em comum, trazem como dupla herança a descendência de homens e mulheres que se viram sob a condição forçada da imigração.

A partir dessa perspectiva, durante os debates, foram consideradas as situações dos imigrantes em novos territórios, que, como pontua o professor-doutor Antonio Donizeti Fernandes, organizador e coordenador do evento, "em face da expansão capitalista e do colonialismo, tornaram-se negros por serem escravos e escravos por serem negros, assim como, detentores do patrimônio e da pertença à classe que se alienou como força de trabalho reserva sem qualquer tipo de assistência, após terem construído a riqueza daqueles que ainda permanecem a ocupar a posição dominante nas camadas sociais dos estados e das nações europeias e americanas".

Ele acentua que, com a homenagem ao "Mestre Pastinha", buscou-se não só o reconhecimento e o resgate da memória de um dos maiores personagens dos povos de matriz africana no Brasil e no mundo, como também, a inspiração e a ideia síntese de "não desperdício da experiência" vivida. "Enquanto baluarte da cultura afro-brasileira e de ser ele um de seus organizadores, 'Mestre Pastinha' ao 'vadiar' e ensinar o jogo da capoeira apresentar-se-ia para nós, ao mesmo tempo, como referência e expressão inspiradora para lidarmos com as questões relacionadas à necessidade de promover e valorizar a ancestralidade africana; a garantia do direito através de mecanismos eficazes de participação e monitoramento de políticas públicas; o combate ao racismo institucional em nosso país; os espaços necessários à reprodução cultural, social e religiosa", ressalta o professor.

Durante os três dias da Mostra, acadêmicos, professores e convidados tiveram, entre outras, a oportunidade de discutir a Lei 10.639/03 que trata da incorporação da história e da cultura no currículo de educação básica e superior e que, também, se apresenta como um dos objetivos do Eixo 1 - Garantias de Direito - do Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial. Donizeti ressalta ainda que "todos que participaram, puderam conhecer os sentidos e significados de expressões como a que aparece na fala de 'Mestre Pastinha – uma vida para a capoeira', de Antonio Muricy: 'A capoeira é tudo que a boca come', quer dizer, uma aprendizagem que tem começo, mas que não tem fim e, por isso, ligada ao modo como dispomos do corpo em relação ao tempo e ao espaço; as relações que mantemos com os nossos interlocutores em sua dimensão hierárquica – homens, mulheres, negros, brancos, índios – dominantes e dominados".

Durante a Mostra, buscou-se ainda remeter às questões do poder e ao mando, às desigualdades sociais, diferenças étnico-raciais, inclusão e exclusão, identidade, diversidade, invisibilidade social, o questionamento sobre o papel da universidade no que diz respeito ao que lhe é próprio – a pesquisa e o ensino – frente à problemática da transversalidade das políticas de enfrentamento ao racismo e à discriminação em nossa sociedade e, fundamentalmente, a resistência.

Dentre os debates, ainda como observou o coordenador do evento ao se reportar a uma das falas sobre o filme "Ôrí", de Raquel Gerber, "antevendo o que em nossos dias de há muito exija e apresenta-se como uma questão política de promoção da igualdade racial e de cuidados, o documentário possibilita-nos uma reflexão original em face dos embates trazidos pelos movimentos sociais dos anos 80: 'o movimento não é do negro; o movimento é da história'".

Última modificação: Quarta, 16 Abril 2014 10:43
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